Beleza, ciência, abstracção e a importância do acaso

A beleza é um tema limitado mas fascinante. Várias filósofos já abordaram o tema do conceito de beleza, e este vai variando ou evoluindo de geração em geração. Mas por mais conceitos que existam a beleza só existe nos olhos de quem a vê.

Terá a matemática beleza? Por certo que sim como linguagem abstracta. A matemática não procura ser plasticamente bela mas sintetizar de forma racional conceitos concretos, através de fórmulas e números. Uma fórmula que exprima de forma sucinta e eficaz um fenómeno ou conceito pode ter beleza.

Proporção áurea

Ou seja a matemática procura quantificar um fenómeno ou conceito. Aí reside a sua beleza, na essência e na verdade das coisas que está sempre presente no nosso dia a dia, e que nem damos por isso. Na Grécia antiga foi usada a proporção matemática Pi para a concepção do Parténon. Os arquitectos deste imponente edifício grego foram Calícrates e Ictinos enquanto as esculturas dos frontões ficaram a cargo de Fídias.

A proporção áurea (número de ouro, número áureo, secção áurea ou proporção de ouro) é uma constante real algébrica irracional denotada pela letra grega PHI (ϕ), em homenagem ao escultor grego Phideas (Fídias), que a teria utilizado para conceber os frisos do Parténon, e com o valor arredondado a três casas decimais de 1,618.

Parténon - Calícrates, Ictinos e Fídias

 A importância do acaso na ciência e na arte

A linguagem abstracta experimentalista é usada em várias artes como pintura, música, escultura ou arquitectura. E muitas vezes não começa a partir de determinado conceito prévio ou ideia fixa. É frequente surgir de um mero acaso inesperado.

Esses acasos têm a beleza da descoberta, da revelação, dão-nos novos horizontes, novas estruturas, novas linguagens. Muitas coisas hoje consideradas belas surgiram do acaso. Para isso é necessário deixar entrar o acaso na mente e não rejeitá-lo. Certo que nem tudo é racionalizável, mas de certo que algo novo surgirá a partir do imprevisível.

Em ciência o acaso também tem importância já que grandes descobertas foram feitas mediante o imprevisto ou fruto de um "acidente" e não na sequência daquilo que se procurava inicialmente. Há inúmeros exemplos de descobertas importantes na ciência fruto do acaso.

A penicilina foi descoberta pelo biólogo inglês Alexander Fleming quando procurava substâncias que matassem bactérias em feridas. Num determinado período Fleming foi de férias e esqueceu-se do material de estudo em cima da mesa do laboratório. Quando voltou, reparou que uma das suas culturas tinha sido contaminada por um fungo, e que uma substância nesse fungo tinha matado as bactérias. Era a penicilina.